sábado, 23 de maio de 2009



Hoje, quando acordei, lembrei-me de uma velha caixinha de música que possuo desde a infância, resolvi abri-la, assoprei-lhe todo o pó e dei corda. De repente um conjunto de sentimentozinhos impossíveis de explicar pularam para fora junto com a música e apoderaram-se de mim, sentimentos tão remotos, remotos são aqueles que há muito esqueci de ter, são aqueles que há muito fingia não ter, são aqueles que permaneciam guardados dentro da tão surrada e antiga caixinha de música, escondidos em meio a toda poeira. Alguns me esperavam pacientemente e nunca deixaram de lá estar, os que achei que havia perdido, os que julguei não ser mais possível possuir. Tomei um susto, sensação pura, puro calor de sentimento.
Hoje, minha bailarina voltou a dançar Pour Elise em frente ao espelho.

domingo, 17 de maio de 2009

Inominável

durmo tarde
jogo fora
acordo cedo
vou embora
peço pouco
quero muito
amanheço
esclareço
entardeço
brinco
anoiteço
clamo
vivo fora
e dentro de mim
espero
padeço
desapareço
tenho fome
sinto frio
arrepio...

...e a cada instante tudo muda... a cada instante tudo muda... cada insatante tudo muda...

o instante muda tudo... o instante mudo... instante... tudo...

terça-feira, 12 de maio de 2009

"Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, êste licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei


Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."

(Álvaro de Campos)


Não pensei ser possível alguém algum dia ter dito o que se passa em mim agora, mas ele disse... e disse exatamente...