domingo, 19 de abril de 2009


Basta que de leve uma brisa lhe assome os cabelos para que toda a sua vida se transforme num balanço lento que por vezes a tira da realidade e a transporta a um país distante, país este em que tudo é diferente, onde ninguém a conhece. Ali, sentada no banco da praça principal de uma cidadezinha antiga, está uma velha de óculos escuros e cabelos muito brancos, a moça, achega-se e pergunta:
_ O que fazes aí tão sozinha?
A velha lhe responde:
_ Estou aqui a esperar.
_ Esperar pelo que? Por quem? Pergunta a moça.
_ Espero que a felicidade venha de mim se apoderar, espero ser arrebatada pelo mais puro e sublime amor, que ele perpasse por minha corrente sanguínea e faça minhas veias se dilatarem, meu pulso acelerar, meu coração bater mais forte, espero sentir as tais borboletas voando em meu estômago, ouvir os tais sinos do amor, espero transbordar de paixão, exalar de emoção, espero sentir o nó na garganta, as pernas bambas, enfim, espero que um verdadeiro amor me ache e me proporcione os mais belos dias da minha vida.
E a moça, intrigada, indaga:
_ Senhora, posso lhe perguntar uma coisa? Quantos anos tens?
_ 78, minha filha.
_ E há quanto tempo esperas aqui sentada?
Sem o menor sinal de abalo a senhora muito velha responde:
_ Há 63 anos, 6 meses e 11 dias.

quarta-feira, 8 de abril de 2009


Não sou boneca
Eu não sou de ferro
Eu não finjo
Eu não sou assim

Só clamo
Eu peço
Até choro

Só não imploro

Viajo
Me esqueço
Entro em transe

Apago o pensamento

Seja qual for
E como for
Ou que será


Me balanço
Ao seu lado
Com você
E danço
Em seu compasso
Me derreto de puro prazer

Pela madrugada, enfim

Arranco toda dor
Seja ela qual for
Presa em mim
Eu me atiro

Te devoro

Num beijo impetuoso!

Noite sempiterna!